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sexta-feira, 10 de maio de 2013

Romantismo: poesia



ROMANTISMO – A POESIA EM PORTUGAL E NO BRASIL
 

 INTRODUÇÃO
       Definiu-se como escola literária na Europa a partir dos últimos 25 anos do século XVIII. O romance “Werther”, de Goelhe, publicado na Alemanha em 1774, lança as bases definitivas do sentimentalismo romântico.
      Em Portugal, o Romantismo apresenta-se com a publicação em 1825, do poema “Camões”, de Almeida Garrett, em seu exílio em Paris. Os primeiros anos dessa escola em Portugal coincidem com as lutas civis entre liberais e conservadores, acirrados com a renúncia de D Pedro ao trono brasileiro e sua luta pelo trono de Portugal, ao lado dos liberais.
      No Brasil, duas publicações iniciam o Romantismo, ambas lançadas em Paris, por Gonçalves de Magalhães em 1836: a revista “Niterói” e o livro de poesias “Suspiros Poéticos e Saudades”.

MOMENTO HISTÓRICO
     Define-se a partir de 1836, com a publicação da revista “Panorama”, se seguiram as primeiras narrativas de Alexandre Herculano e os dramas de garrett. Com o liberalismo burguês em alta, desaparece a censura absolutista e propõe-se novas idéias políticas e literárias.
     O fim do Romantismo aconteceu com as rebeliões de um grupo de jovens de Coimbra, e atingiu se auge em 1865, com a Questão Coimbrã que revolucionou as letras em Portugal.
è No Brasil o Romantismo ocorre a partir da chegada da Família Real em 1808, levando o Rio de Janeiro a um processo intenso de urbanização, período propício à divulgação das tendências européias.
      Após 1822, ano da Independência, cresce no Brasil o sentimento de nacionalismo, busca-se o passado histórico, exalta-se a natureza pátria, características que se encaixavam à necessidade brasileira de auto afirmação.
O declínio do Romantismo brasileiro coincide com a decadência da Monarquia escravocata: em 1870, manifestaa-se pensamentos realistas, naa faculdades de Recife e São Paulo. Em 1881, publica-se os primeiros romances de tendência realista: “O Mulato”, de Aluísio de Azevedo e “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis.

ROMANTISMO: EXPRESSÃO LITERÁRIA DA BURGUESIA
      Ora, deixando de lado outras discussões prévias que o assunto implica, pensamos que o Romantismo se deve caracterizar em função das relações entre o escritor e o público em dado momento da história da civilização européia ocidental.  Abreviando: o Romantismo é a expressão literária da época em que o escritor entra em contato com as massas burguesas em fase de ascensão.”
                                                      Antonio José Saraiva. Para a história da Cultura
                                                                                                                            Em Portugal.

CARACTERÍSTICAS        
·          O Romantismo liberta-se da Corte, dos nobres exigentes que financiavam sua. As obras                              deixam                de ser encomendas e o público agora é amplo e produção anônimo. Aparecendo uma nova linguagem.
·         O surgimento de um público consumidor e a literatura torna-se mais popular. Surge o romance, forma literatura acessível; o teatro abandona as formas clássicas e se inspira em temas nacionais. A prosa artística ganha espaço que era negado no clássico.

   ·         No aspecto formal aparece o verso livre, sem métrica e sem estrofação e o verso branco, sem rima, prevalecendo o “acento da inspiração”.

  PREFÁCIO  AOS SUSPIROS POÉTICOS E SAUDADES
      É um livro de poesias escritas segundo as impressões dos lugares; ora assentado entre as ruinas da antiga Roma, meditando sobre a sorte dos impérios; ora no cimo dos Alpes, a imaginação vagando no infinito como um átomo no espaço; ora na gótica catedral, admirando a grandeza de Deus, e os prodígios do Cristianismo; ora entre os ciprestes que espalham sua sombra sobre os túmulos; ora enfim refletindo sobre a sorte da Pátria, sobre as paixões dos homens, sobre o nada da vida. Poesias d’alma e do coração, e que só pela alma e pelo coração devem ser julgadas. [...]
                                 Quanto à forma,  isto é, a construção, por assim dizer, material das estrofes,                                                        nenhuma ordem seguimos; exprimindo as ideias como elas se apresentaram, para não destruir o acento da inspiração; além de que, a igualdade de versos, a regularidade das rimas, e a simetria das estrofes produz uma tal monotonia, que jamais podem agradar.
                             MAGALHÃES, Gonçalves de. Gonçalves de Magalhães – trechos escolhidos.                                                                                                                                                                     
                                                                                              Rio de Janeiro: Agir, 1961, p.88.                            
·         Quanto ao conteúdo, há o cultivo do Nacionalismo, que é a exaltação da natureza pátria, no retorno ao passado histórico e na criação do herói nacional. ( na literatura européia, os heróis belos e valentes cavaleiros medievais; na brasileira, são os índios, também belos, valentes e civilizados). A natureza tem múltiplos significados: é uma extensão da pátria, é um refúgio à vida urbana, é um prolongamento do próprio poeta e de seu estado emocional.
·         Sentimentalismo, que é o “cartão de visita” do movimento, as emoções pessoais são valorizadas, o mundo interior, o subjetivismo. Esse eu valorizado gera o egocentrismo, colocando os poetas românticos como o centro do universo, gerando choque entre a realidade e o interior do poeta
.     Evasão Romântica, que são constantes fugas da realidade, provocadas pelo estado de frustração perante a derrota do ego: álcool,ópio,prostíbulos, saudades da infância, Essas fugas têm ida e volta, exceção fita à maior de todas as fugas românticas: a morte.
.     O fim do romantismo(década de 1860) é marcado por uma literatura mais social que aparece a partir das transformações que atingem toda a Europa, como a Revolução Industrial, por exemplo.  A literatura passa a refletir as grandes agitações, como a Questão Coimbrã em Portugal e a luta abolicionista no Brasil, resultando na poesia social de Castro Alves.
      
      COMPARAÇÃO ENTRE O CLASSICISMO E O ROMANTISMO
       CLASSICISMO                             ROMANTISMO
        > modelo clássico                              > não há modelos
        > geral, universal                                > particular, individual
        > impessoal, objetivo                         > pessoal, subjetivo
        > Antiguidade clássica                        > Idade média
        > paganismo                                      > Cristianismo
        > apelo à inteligência                          > apelo à imaginação
        > razão                                              > sensibilidade
       > erudição                                          > folclore
       > elitização                                         > motivos populares
       > disciplina                                         > libertação 
       > imagem racional amor/mulher           >imagem subjetiva/sentimental do amor/mulher
       > formas poéticas físicas                     > versificação livre
 GERAÇÕES ROMÃNTICAS EM PORTUGAL
      DOIS GRANDES MOMENTOS - 1838 E1865
      . Primeira geração: Autores responsáveis pelo novo estilo
        Almeida Garret e Alexandre Herculano








 Segunda Geração: o chamado Ultraromantismo, característica que leva a exagero, como nas obras de Camilo Castelo Branco e Soares de Passos.
       









GERAÇÕES ROMÂNTICAS DO BRASIL
      
 Primeira Geração: Nacionalista ou Indianista : marcada pela exaltação da natureza, volta              ao                passado, criação do herói nacional. O Sentimentalismo e a Religiosidade também estão presentes. Destaque para Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães.
    Segunda Geração: mal-do-século. É também chamado byroniana, pois sofre influência da poesia de Lord Byron. Têm a presença do egocentrismo, negativismo, boemia, dúvida, desilusão adolescente e tédio- características do Ultraromantismo, o verdadeiro mal-do-século -, seu tema é a fuga da realidade. Destaque para Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes Varela.
     
Terceira Geração:Condoreira -poesia social e literária, reflete as lutas internas da 2a. metade do reinado de D. Pedro II. Conhecida como Hugoana, por sofrer influência de Victor Hugo e de sua poesia político-social. O termo Condoreirismol vem do símbolo de liberdade adotado pelos jovens românticos: o condor, águia que habita o alto da cordilheira do Andes. Destaques: Castro Alves e Sousa Andrade.

 PRODUÇÃO LITERÁRIA- O ROMANTISMO POÉTICO EM PORTUGAL
                                                                                   -> Almeida Garret (1799 - 1854)    
 
 As primeiras poesias têm características árcades, onde o poeta defende a imitação de autores quinhentistas e a perfeição estética,como no texto de Lírica de João Mínimo, publicada em 1829.v
       Num segundo momento, os poemas narrativos históricos "Camões" e D.Branca" - não propriamente românticos, refere-se, respectivamente, suas paixões, seu amor à pátria; e o segundo retrata as lutas da reconquista.
      Num terceiro momento, a poesia dos últimos livros: Flores sem fruto e  Folhas caídas, voltados para o amor e experiências pessoais, cores e angústias de seu relacionamento com a Viscondessa da Luz.
       
       Este inferno de amar
        Este inferno de amar - como eu amo!
        Quem mo pôs aqui n'alma...quem foi?
        Esta chama que alenta e consome,
        Que é a vida - e que a vida destrói -
        Como é que se veio a atear,
        Quando - aí quando se há de ela apagar?
        Eu não sei, não me lembra: o passado,
        A outra vida que dantes vivi
        Era um sonho talvez... - foi um sonho -
        Em que paz tão serena a dormi!
        Oh! que doce era aquele sonhar...
        Quem me veio, ai de mim! despertar?
        Só me lembra que um dia formoso
        Eu passei... dava o Sol tanta luz!
        E os meus olhos, que vagos giravam,
        Em seus olhos ardentes os pus.
        Que fez ela? eu que fiz? - Não no sei;
        Mas nessa hora a viver comecei...
                                     GARRET, Almeida, Lírica completa.Lisboa: Arcádia, 1979. p.368.

-> Soares de Passos(1826 - 1860)
       
  Marcada pelo sentimentalismo, solidão, visão liberal-burguesa da sociedade e presença da morte. "O    noivado do sepulcro", balada que apresenta um lirismo jurídico. 





PRODUÇÃO LITERÁRIA - O ROMANTISMO POÉTICO NO BRASIL
-> Gonçalves Dias  (1823 - 1864)
  Consolidou o Romantismo brasileiro, trabalhou temas como o indianismo, a natureza pátria, a religiosidade. As Sextilhas de Frei Antão, são poemas escritos em português medieval. "Casar o pensamento com o sentimento, a idéia com a paixão", pregava o poeta. Suas composições líricas dão uma visão de amor do homem romântico, marcados por dor e sofrimento.
     Como autor da primeira geração, ele apresenta poesia nacionalista, idealiza a figura do índio, com sentimentos e atitudes artificiais, europeizada. Utiliza recursos de métrica, musicalidade e ritmo.Destacam-se: "I-Juca Pirama", "Marabá" e "Cançao do Tamoio".


   -> Álvares de Azevedo (1831 - 1852)
     Responsável pelos contornos definitivos do mal-do-século em nossa literatura, influenciada por Byron e Musset. Suas poesias falam de amor e de morte, amor idealizado, irreal, não se materializa. Daí a frustração, o sofrimento.  Seu livro de poemas Lira dos vinte anos revela uma duplicidade: um poeta meigo, dóci 
 lltambém satânico, irônico.
Noite na Taverna, livro de contos fantásticos é exemplo da literatura mal-do-século. É um livro em prosa que fala de seis estudantes bêbados narrando suas aventuras marcadas por sexo, incestos, assassinatos,traições e mistérios. 


 -> Castro Alves( 1847 - 1871)
     Poeta da última geração, educado pela literatura de Víctor Hugo, tem horizontes mais amplos. Cultivou o egocentrismo, como os outros da 1a. geração, mas também interessou-se pela realidade que o rodeava. Cantou a mulher, o amor, a morte, a repúlblica, o abolicionismo e as lutas de classes.
     Enquanto ele apresenta em sua temática tendências realistas, é perfeitamente romântico na forma, exagerado nas metáforas, comparações, antíteses e hipérboles, típicos do Condoreirismo:
                                      "A praça! A praça é do povo
                                         como o céu é do condor
                                         É o antro onde a liberdade
                                         Cria águias em seu calor."
    A sua poesia lírico-amorosa evolui da idealização para concretização das viagens sonhadas pelos românticos; aparece uma mulher de carne e osso, sensual, individualizada em Eugênia Câmara.
                          "Boa noite, Maria! Eu vou-me embora
                             A lua nas janelas bate em cheio
                             Boa-noite, Maria! É tarde... é tarde...
                             Não me apertes assim contra teu seio
                             [...]
                             Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
                             Treme tua alma, como a lira ao vento,
                             Das teclas de teu seio que harmonias,
                             Que escalas de suspiros, bebo atento!"
    Na busca por um grande ideal democrático(a Repúlblica), Castro Alves tornou-se célebre por sua obra sobre a escravidão; o importante era a derrubada da Monarquia e, consequentemente, o trabalho escravo. O poeta alcançou maior sucesso fundindo a efusão lírica e a eloquência condoreira, como atestam-se as poesias: "Vozes al África", "Saudação a Palmares" e "Navio Nagreiro".
                            "Auriverde pendão de minha terra,
                               Que a brisa do Brasil beija e balança,
                               Estandarte que a luz do sol encerra,
                               E as promessas divinas da esperança..."
                                                      (fragmento da sexta parte do poema "Navio Negreiro".

                                                          ( Resumo do livro:" Português: de olho no mundo do trabalho", de Ernane Terra e José de Nicola.  
 
   

                                                    
                                                    
                                                    
     
   

                     
        
     
 

       



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