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sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Biografia de José Mindlin - Bibliófilo - 08/09/1914 a 28/02/2010.

Filho de russos que imigraram para o Brasil no final do século 19, José Ephim Mindlin nasceu em São Paulo. Aos 13 anos, em 1927, segundo ele, já fuçava livrarias e sebos e comprava os primeiros livros. Amante de literatura estrangeira e brasileira e tudo que se relaciona ao Brasil(história, artes, ciências, literatura de viagens), ganhou de presente dos pais uma edição chamada "História do Brasil", publicada em seis volumes, em 1862.  Assim, foi o início de sua história de amor com os livros.
Casou-se com Guita Mindlin, que se tornou parceira fiel em suas aventuras bibliográficas. Foram morar na Rua Princesa Isabel, bairro do Brooklin, São Paulo. No quintal, o casal plantou seu jardim com imensa variedade de plantas. Em 1985, uma parte desse jardim cedeu lugar para que fosse colocada uma árvore, cuja semente tinha sido plantada a bastante tempo e floresceu:a  maior biblioteca particular  do Brasil composta de aproximadamente 45 mil títulos, alguns em edições tão raras que chegam a ser mais antigas que o Brasil.
Como leitor compulsivo, colecionou além dos  livros, também  amigos escritores, como o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987), João Guimarães Rosa (1908 - 1967) e Graciliano Ramos (1892 - 1953), dos quais, recebia originais e rabiscos de obras, que, orgulhoso, guardava-as no seu "indisciplinado" acervo.
A biblioteca de Mindlin resultou de seu amor pela leitura, que despertou nele a busca desenfreada pelos livros, o desejo de tê-los, o prazer de olhá-los e manuseá-los, característica que ele define como "uma loucura mansa", e que faz dele o maior bibliófilo brasileiro. Sua paixão, levou-o, na década de 40, a montar junto com um amigo uma livraria, a Parthenon. Como tinha dó de se desfazer das obras raras, dizia aos leitores que, quando quisessem vender os livros, que procurassem por ele.
Como advogado, graduado pela USP- Universidade de São Paulo, o bibliófilo tornou-se empresário e em 1949, fundou com alguns amigos a Metal Leve, empresa que fabricava autopeças, porém, o papel social que ela exercia não poderia ser ignorado, pois patrocinava edições que reproduziam perfeitamente documentos e livros sobre a história da literatura brasileira.
Numa decisão da família, a árvore mais frondosa de seu quintal: a biblioteca(parte dedicada ao Brasil da coleção), que ocupava parte de sua casa e mais duas casas vizinhas alugadas,  foi doada, em 2006, a Universidade onde graduou-se em Direito. Dono de um humor implacável, Mindlin chegou a fazer cálculo do tempo que precisaria para ler todos os seus títulos: 300 anos. Mas, segundo ele, não conseguiu achar a fórmula para viver tanto, mas enquanto dispunha de tempo, iria aproveitar.
Era essa a  sua loucura mansa. "Uma certa obsessão em ler e reunir livros. Um pouco patológica, mas é imensa porque não faz mal a ninguém e me faz sentir bem", argumentou.


José Mindlin foi um gigante da cultura brasileira. Como todo grande homem, deixa um grande legado, que é a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, o resultado de uma vida dedicada aos livros, que por sua generosidade hoje é um patrimônio de todos os brasileiros."    Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo.

"Mindlin era um emblema do livro, tinha com ele uma relação orgânica. Lembro com saudade o dia em que estivemos juntos, com Evanildo Bechara, na inauguração do Museu da Língua, em São Paulo, e eu lhe fiz o convite para ingressar na Academia. Vamos sentir muito a sua falta."  Marcos Vilaça, presidente da Academia Brasileira de Letras.


LACERDA, Maria. Colecionador de histórias. Revista vida simples, São Paulo, n.39, p.38 - 43, mar.2006.

Disponível em: <http://www.bibliomanias.no.sapo.pt/Mindlin.htm.> acesso em 20 de agosto de 2015.

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