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quinta-feira, 9 de maio de 2013

Arcadismo


ARCADISMO





> Introdução

   O arcadismo é uma escola literária surgida na Europa no século XVIII, também denominada de setecentismo ou neoclassicismo. O nome "arcadismo" é uma referência à Arcádia, região campestre do Peloponeso, na Grécia antiga, tida como ideal de inspiração poética.
A principal característica desta escola é a exaltação da natureza e de tudo o que lhe diz respeito. Por essa razão muitos poetas do arcadismo adotaram pseudônimos de pastores gregos ou latinos. Caracteriza-se ainda pelo recurso a esquemas rítmicos mais graciosos.
                        Numa perspectiva mais ampla, expressa a crítica da burguesia aos abusos da nobreza e doclero praticados no Antigo Regime.
                                        Adicionalmente os burgueses cultuam o mito do homem natural em oposição ao homem corrompido pela sociedade, conceito originalmente expresso por Jean-Jacques Rousseau, na figura do "bom selva



> Contexto Histórico-social

                             O século XVIII, também referido como “Século das Luzes”, representa uma fase de importantes transformações no campo da cultura europeia. Na Inglaterra e na França forma-se umaburguesia que passa a dominar economicamente o Estado, através de um intenso comércio ultramarino e da multiplicação de estabelecimentos bancários, assenhoreando-se mesmo de uma parte da atividade agrícola. Paralelamente, a antiga Nobreza arruína-se, e o Clero, com as suas intermináveis polêmicas, traz o descrédito às questões teológicas. Em toda a Europa a influência do pensamento Iluminista burguês se alastra.


                                Esse período de renovação cultural que se caracteriza, em linhas gerais, pela valorização da Ciência e do espírito racionalista. O método experimental desenvolve-se; a análise crítica dos valores sociais e religiosos aguça-se, provocando polêmicas; há uma grande confiança na capacidade do homem em promover o progresso social (crença em que o bem-estar coletivo só pode advir da razão), e a tendência de libertar o universo cultural da influência da religião acentua-se cada vez mais.Em Portugal e no Brasil, a experiência neoclássica na literatura deu-se em torno dos modelos do arcadismo italiano, com a fundação de academias literárias, simulação pastoral, ambiente campestre, etc

.Em Portugal e no Brasil, a experiência neoclássica na literatura deu-se em torno dos modelos do arcadismo italiano, com a fundação de academias literárias, simulação pastoral, ambiente campestre, etc.

Características do arcadismo

          O arcadismo constitui-se numa forma de literatura mais simples, opondo-se aos exageros e rebuscamentos do Barroco, expresso pela expressão latina "inutilia truncat" ("cortar o inútil"). Os temas também são simples e comuns aos seres humanos, como o amor, a morte, o casamento, a solidão. As situações mais freqüentes apresentam um pastor abandonado pela amada, triste e queixoso. É a "aurea mediocritas" ("mediocridade áurea"), que simboliza a valorização das coisas cotidianas, focalizadas pela razão.


                   Os autores retornam aos modelos clássicos da Antiguidade greco-latina e aos renascentistas, razão pela qual o movimento é também conhecido como neoclássico. Os seus autores acreditavam que a Arte era uma cópia da natureza, refletida através da tradição clássica. Por isso a presença da mitologia pagã, além do recurso a frases latinas.

Inspirados na frase do escritor latino Horácio "fugere urbem" ("fugir da cidade"), e imbuídos da teoria do "bom selvagem" de Jean-Jacques Rousseau, os autores árcades voltam-se para anatureza em busca de uma vida simples, bucólica, pastoril, do "locus amoenus", do refúgio ameno em oposição aos centros urbanos dominados pelo Antigo Regime, pelo absolutismo monárquico.


                    Cumpre salientar que essa busca configurava apenas um estado de espírito, uma posição política e ideológica, uma vez que esses autores viviam nos centros urbanos e, burgueses que eram, ali mantinham os seus interesses econômicos. Por isso justifica falar-se em "fingimento poético" no arcadismo fato que transparece no uso dos pseudônimos pastoris.

Além disso, diante da efemeridade da vida, defendem o "carpe diem", pelo qual o pastor, ciente da brevidade do tempo, convida a sua pastora a gozar o momento presente.
Quanto à forma, usavam muitas vezes sonetos com versos decassílabos, rima optativa e a tradição da poesia épica.

                       Outras características importantes são:
 
  • valorização da vida no campo (bucolismo)
  • crítica a vida nos centros urbanos
  • idealização da mulher amada
  • utilinia truncat (cortar o inútil) 
  • convencionalismo amoroso
  • aurea mediocritas (mediocridade áurea ou ouro medíocre)
  • linguagem simples
  • uso de pseudônimos com frequência
  • pastoralismo

 

[editar]O arcadismo em PortugalO clima de renovação atingiu fortemente também Portugal que, no começo do século XVIII, passava pelo período final de sua reestruturação econômica, política e cultural.


            Durante o reinado de João V de Portugal (1707-1750) percebe-se, no país, uma certa abertura intelectual e política, como por exemplo a licença concedida à Congregação do Oratório para ministrar ensino, até então privilégio da Companhia de Jesus.
             Em 1746Luís António Verney, inspirado nas ideias dos racionalistas franceses, publica as cartas que compõem o seu "Verdadeiro Método de Estudar", obra em que critica o ensino tradicional e propõe reformas que visam a colocar a cultura portuguesa a par com a do resto da Europa.             Caberá, entretanto, ao marquês de Pombal, ministro de José I de Portugal (1750-1777), concretizar essas aspirações. Agindo com plena autonomia de poderes, o despotismo esclarecido de Pombal operou verdadeira transformação nos rumos da cultura portuguesa:
  • expulsou os jesuítas em 1759, o que enfraqueceu bastante a influência religiosa no campo cultural;
  • incentivou os estudos científicos;
  • reformou o ensino e,
  • apesar de manter um sistema de censura, afrouxou muito a repressão que era exercida peloSanto Ofício (a Inquisição).



Em Portugal, o arcadismo iniciou-se oficialmente em 1756, com a fundação da “Arcádia Lusitana”, entidade em que se reuniam intelectuais e artistas para discutirem Arte.
A “Arcádia Lusitana” tinha por lema a frase latina "Inutilia truncat" ("acabe-se com as inutilidades"), que vai caracterizar todo o movimento no país. Visavam com isto erradicar os exageros, o rebuscamento, e a extravagância preconizados pelo Barroco, retornando a uma literatura simples.

[editar]Autores

[editar]O arcadismo no BrasilVer artigo principal: Arcadismo no BrasilNeoclassicismo no Brasil



              No Brasil, vive-se o momento histórico da decadência do ciclo da mineração e da transferência do centro político do Nordeste (Salvador, na Bahia) para o Rio de Janeiro.
             Aqui o marco inaugural do arcadismo deu-se em 1768 com a fundação da “Arcádia Ultramarina”, em Vila Rica, e a publicação de “Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa. Embora não chegue a constituir um grupo nos moldes das arcádias europeias, constituem a primeira geração literária brasileira.
             Nesta colônia portuguesa, as ideias iluministas vieram ao encontro dos sentimentos e anseios nativistas, com maior repercussão em Vila Rica, centro econômico mais importante à época, em função da mineração. A figura do “bom selvagem” de Rousseau dará origem, na colônia, ao chamado Nativismo. O acontecimento político mais importante será a Inconfidência Mineira, tentativa mal-sucedida de libertar a província das Minas Gerais do domínio colonial português. A politização do movimento apresentou-se através dos poetas árcades brasileiros, participantes da Conjuração.
             A chamada "Escola Setecentista" desenvolve-se até 1808 com a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, que com suas medidas político-administrativas, permitiu a introdução do pensamento pré-romântico no Brasil.
             Entre as características do movimento no Brasil, destacam-se a introdução de paisagens tropicais, como em Caramuru, valorização da história colonial, o início do nacionalismo e da luta pela independência e a colocação da colônia como centro das atenções.

[editar]Autores

  • Freire Santa Rita Durão (1722-1784), autor do poema épico Caramuru . O padre mineiro escreveu este poema, sobre o descobrimento da Bahia, em versos decassílabos e oitava rima camoniana. Caracteriza-se pela exaltação da terra brasileira, descrevendo paisagens que lembram a literatura informativa do Quinhentismo. O elemento indígena é visto sob o prisma informativo.
  •                                                        Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) Obras Poéticas e 

  • Basílio da Gama (1741-1795), mineiro, autor do poema épico O Uraguai , tem dois objetivo: a defesa e exaltação da política pombalina e a crítica aos jesuítas. O tema histórico é a luta empreendidsa pelas tropas portuguesas, auxiliadas pelos espanhóis, contra os índios dos sete povos das Missões, instigados pelos jesuítas em consequência da assinatura do Tratado de Madri(1750). No aspecto formal: distribuidos em apenas cinco cantos, os versos decassílabos brancos(sem rima) não apresentam divisão em estrofes. Os versos iniciais do poema são famosos por permitirem a visualização do campo da luta.
  •      "Fumam ainda nas desertas praias
  •                Lagos de sangue tépidos, e impuros,
  •                Em que ondeiam cadáveres despidos,
  •                Pastos de corvos. "
  •                                              GAMA, Basilio da. O Uruguai. 2. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1972

  • Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), autor de Marília de Dirceu e Cartas
  • Chilenas - Pseudônimo Dirceu. Nasceu em  Portugal, filho de mãe portuguesa e pai brasileiro, graduou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, veio definitivamente para o Brasil, instalou-se em Vila Rica como ouvidor e juiz; na época da Inconfidência Mineira, prestes a casar com Maria Dorotéia Joaquina de Seixas Brandão, a Marília, é preso e levado para o Rio de Janeiro, e depois para Moçambique.
  •       Seu principal trabalho são as Liras de " Marília de Dirceu", inspirada em seu romance com Maria Dorotéia, apresenta duas partes distintas. Na primeira, ele se posiciona como um pastorque cultiva o ideal da vida campestre, e pinta, por palavras a natureza e a mulher amada. No entanto, a poesia sofre alteração, tendo como divisor de águas, a prisão do poeta; que na segunda parte, faz uma série de reflexões que tratam tanto de justiça dos homens(ele se considera inocente), quanto dos caminhos do destino e da eterna consolação no amor que sente por Marília . 
  • As Cartas Chilenas são poemas satíricos escritos em linguagem agressiva apresentando versos decassílabos e pseudônimos; são assinados por ele endereçada a Cláudio Manuel da Costa, onde ele critica as arbitrariedades de um político, o Fanfarrão Minésio(na verdade, é o Governador de Minas Gerais, Luís da Cunha Menezes, antes da Inconfidência).
  • Inácio José de Alvarenga Peixoto (1744-1793)
  • Silva Alvarenga (1749-1814),
  • Bocage (1765-1805)- Portugal. Pseudônimo: Elmano Sadino. (Mais informações, acima.).

[editar]Ligações externas


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